quarta-feira, 30 de março de 2011

Mil Pessoas.

Uma parte de mim,
Só a metade de mim é desvendada.
As outras ainda desconhecidas, inexploradas.
Campos férteis, floridos,
Outros frios e sombrios.
Mil pessoas em uma.
Mil desejos, mil tormentos.
Ora amigas,
Ora inimigas,
Convivendo em um único espaço.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Insólito


De pura e rica,
Lembrança ela vê,
Uma tarde, um beijo, um riso.

Ele guarda no entanto,
A imagem da partida.
O início do fim.

Envoltos a um sentimento sem nome.
Que reviravolta o estômago e amarga a garganta.
Será a saudade irmã da tristeza?

O que restou foi o pensamento.
Que teima em ir e vir,
Escondido no canto escuro da mente.

Mas ele permanece lá, intacto.
Usando de outros disfarces sutis.
Com outros nomes,mas com a mesma angustia.

Giselle Quixabeira.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Por que o Brasil é Amarelo Manga.

"Amarelo é a cor das mesas,
dos bancos,
dos tambores,
dos cabos,
das peixeiras,
da enxada
e da estrovenga.

Do carro de boi,
das cangas,
dos chapéus envelhecidos.
Da charque!

Amarelo das doenças,
das remelas,
dos olhos dos meninos, das feridas purulentas,
dos escarros,
das verminoses,
das hepatites,
das diarréias,
dos dentes apodrecidos...

Tempo interior amarelo.
Velho, desbotado, doente."

Não existe personagem principal, todos tem sua importância, suas aflições, seus defeitos. Personagens que você encontra ao comprar o pão, ir a igreja, seu próprio vizinho pode ser comparado a um. Dê uma sinceridade que incomoda.É a personificação do povo brasileiro com todas as suas mazelas.
Por que o Brasil é feito de pessoas como o homossexual Dunga( Matheus Nachtergaele), cozinheiro e faxineiro, apaixonado pelo açougueiro Wellington Kanibal (Chico Diaz), que trai a esposa evangélica, Kika (Dira Paes). Para completar, vive no Texas o necrófilo Isaac (Jonas Bloch), encantado com a dona de boteco Lígia (Leona Cavalli), mas que acaba transformando, na verdade, a vida de Kika.A qual vemos uma inversão de caráter incrível.
Amarelo Manga é o retrato da dona de casa, das prostitutas, dos vendedores, dos homossexuais dos que vivem à margem da sociedade.
O diretor Claudio Assis está de parabéns por ter tido a coragem de mostrar o Brasil como ele é.

terça-feira, 15 de março de 2011

Yeah we'll look at the stars when we're together

domingo, 13 de março de 2011

Minha vida segundo Los Hermanos.

O que eu faço:

Abre os teus armários, eu estou a te esperar
Para ver deitar o sol sobre os teus braços, castos
Cobre a culpa vã, até amanhã eu vou ficar
E fazer do teu sorriso um abrigo

E não me deixe na dúvida:

Ah, se eu aguento ouvir
Outro não, quem sabe um talvez
Ou um sim
Eu mereço enfim.

Nem sempre falo o que sinto:

O quanto eu te falei?
Que isso vai mudar
Motivo eu nunca dei
Você me avisar, me ensinar
Falar do que foi pra você
Não vai me livrar de viver

De tanto eu te falar
Você subverteu o que era um sentimento e assim
Fez dele razão pra se perder
No abismo que é pensar e sentir

E quando encontrei:

Eu encontrei e quis duvidar
Tanto clichê deve não ser
Você me falou pr'eu não me preocupar
Ter fé e ver coragem no amor




segunda-feira, 7 de março de 2011

Amar vale a pena.


Vivemos tempos em que as leis do mercado comandam e isso significa a busca pelo individualismo. O que reflete também no modo de amar. O imediatismo predomina; relações de curtas durações, sem elos afetivos. Vemos o esfacelamento de valores como confiança e tolerância.
Não compreendo como as relações de hoje são tão descartáveis. O fica de hoje é a desculpa para o prazer imediato. Não desfrutar de conhecer o mistério que é o outro, suas particularidades. Fica-se porque é bonito, "gostoso". Pela noite de prazer. Esquece que o dia seguinte a ressaca moral vem à tona. A solidão continua lá, mascarada, cheirando sexo, mas intacta. Seu mundo não foi dividido com o outro.
Ficar é uma forma de manter-se seguro no seu mundo. Não se arriscar, porém também de não viver a alegria de ser amado, de expor seu mundo a outra pessoa, deixar que ela mostre o seu. Mesclar, reunir esses mundos em um só.
Novas formas de interagir amorosamente surgem, elas acompanham as mudanças da sociedade. A exemplo das novas tecnologias hoje utilizadas para diminuir distância entre pessoas. Que ironicamente pode aumentar a distância emocional.
Bauman denuncia que nessa sociedade que liquefaz o ser humano não mais se preocupa em edificar “parcerias”, mas em tecer “redes” nas quais ele adiciona amigos à centenas, porém os desconhece, não há vínculos ou barreiras, nem liame nem interferência. Se algo o desagrada basta excluí-lo ou bloquear o acesso dele a sua rede.
Neste mundo de alta tecnologia uma “rede” nos conecta ou desconecta desse mesmo mundo que nos causa insegurança. O contato pode ser interrompido a qualquer momento, basta seguir as ferramentas e links disponíveis para tal tarefa. O contato virtual tornou-se uma forma segura de manter um relacionamento em detrimento aos relacionamentos reais, nem tão passíveis as nossas escolhas, desejos e, por isso, parecem insatisfeitos quando comparados ao que a “proteção virtual” pode oferecer.
E quem disse que amar é fácil? Amar sugere escolha, entrega, afinidade. Amar é saborear a conquista. É conquistá-lo todos os dias. Conhecer as qualidades e aceitar os defeitos.
Os adeptos do imediatismo justificariam: - Por que afinal você deve perder tempo na conquista ou namorando se você pode ter o prazer do final ?.
Amar é uma tarefa árdua.Isso porque buscamos ser amados antes que amar. É justamente por ser complicado, por que pessoas estão envolvidas cada uma com sua história de vida, com seus achismos e suas razões. Nem sempre dispostas a baixar a guarda.
Amar não quer dizer que se está seguro ou que seus medos acabaram, ao contrário novos medos surgem. O medo da rejeição, da perda.
A capacidade de amar só se adquire na madurez pessoal. O amor infantil diz: Te Amo porque te necessito; mas o amor maduro expressa: Te necessito, porque te amo.
Amar é ação de dar a vida sem reservas. Não é só pensar no seu prazer. Pensar no bem estar do outro. E sentir prazer em coisas tido como tolas hoje, mas que fazem todo o sentido. Porque é na simplicidade de passear de mãos dadas, dividir uma cama, só para assistir a um filme, uma ligação só para saber se a pessoa está bem, que está a felicidade. Sexo é bom, só que só ele não basta. Melhor é amar.
Não perca seu tempo em noites de breves prazeres, se você pode ter mais. Não dê seu amor a quem não sabe compartilhar.
Amar é o empreendimento mais importante a que podemos aspirar nesta vida. E como diria o grande Antoine de Saint-Exupéry: Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Então vamos cativar, vale a pena.

terça-feira, 1 de março de 2011