segunda-feira, 7 de março de 2011

Amar vale a pena.


Vivemos tempos em que as leis do mercado comandam e isso significa a busca pelo individualismo. O que reflete também no modo de amar. O imediatismo predomina; relações de curtas durações, sem elos afetivos. Vemos o esfacelamento de valores como confiança e tolerância.
Não compreendo como as relações de hoje são tão descartáveis. O fica de hoje é a desculpa para o prazer imediato. Não desfrutar de conhecer o mistério que é o outro, suas particularidades. Fica-se porque é bonito, "gostoso". Pela noite de prazer. Esquece que o dia seguinte a ressaca moral vem à tona. A solidão continua lá, mascarada, cheirando sexo, mas intacta. Seu mundo não foi dividido com o outro.
Ficar é uma forma de manter-se seguro no seu mundo. Não se arriscar, porém também de não viver a alegria de ser amado, de expor seu mundo a outra pessoa, deixar que ela mostre o seu. Mesclar, reunir esses mundos em um só.
Novas formas de interagir amorosamente surgem, elas acompanham as mudanças da sociedade. A exemplo das novas tecnologias hoje utilizadas para diminuir distância entre pessoas. Que ironicamente pode aumentar a distância emocional.
Bauman denuncia que nessa sociedade que liquefaz o ser humano não mais se preocupa em edificar “parcerias”, mas em tecer “redes” nas quais ele adiciona amigos à centenas, porém os desconhece, não há vínculos ou barreiras, nem liame nem interferência. Se algo o desagrada basta excluí-lo ou bloquear o acesso dele a sua rede.
Neste mundo de alta tecnologia uma “rede” nos conecta ou desconecta desse mesmo mundo que nos causa insegurança. O contato pode ser interrompido a qualquer momento, basta seguir as ferramentas e links disponíveis para tal tarefa. O contato virtual tornou-se uma forma segura de manter um relacionamento em detrimento aos relacionamentos reais, nem tão passíveis as nossas escolhas, desejos e, por isso, parecem insatisfeitos quando comparados ao que a “proteção virtual” pode oferecer.
E quem disse que amar é fácil? Amar sugere escolha, entrega, afinidade. Amar é saborear a conquista. É conquistá-lo todos os dias. Conhecer as qualidades e aceitar os defeitos.
Os adeptos do imediatismo justificariam: - Por que afinal você deve perder tempo na conquista ou namorando se você pode ter o prazer do final ?.
Amar é uma tarefa árdua.Isso porque buscamos ser amados antes que amar. É justamente por ser complicado, por que pessoas estão envolvidas cada uma com sua história de vida, com seus achismos e suas razões. Nem sempre dispostas a baixar a guarda.
Amar não quer dizer que se está seguro ou que seus medos acabaram, ao contrário novos medos surgem. O medo da rejeição, da perda.
A capacidade de amar só se adquire na madurez pessoal. O amor infantil diz: Te Amo porque te necessito; mas o amor maduro expressa: Te necessito, porque te amo.
Amar é ação de dar a vida sem reservas. Não é só pensar no seu prazer. Pensar no bem estar do outro. E sentir prazer em coisas tido como tolas hoje, mas que fazem todo o sentido. Porque é na simplicidade de passear de mãos dadas, dividir uma cama, só para assistir a um filme, uma ligação só para saber se a pessoa está bem, que está a felicidade. Sexo é bom, só que só ele não basta. Melhor é amar.
Não perca seu tempo em noites de breves prazeres, se você pode ter mais. Não dê seu amor a quem não sabe compartilhar.
Amar é o empreendimento mais importante a que podemos aspirar nesta vida. E como diria o grande Antoine de Saint-Exupéry: Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Então vamos cativar, vale a pena.

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